Home office deve fazer parte do ‘novo normal’ das empresas após a pandemia

Os computadores pessoais ganharam popularidade nos anos 90. Desde então, muitos analistas previram que o trabalho em escritórios estaria com os dias contados. Entretanto, isso não se tornou uma realidade instantânea como se imaginava. Porém, o modelo estava sendo implementado aos poucos. Nos Estados Unidos, por exemplo, o número de empregados em home office triplicou nos últimos 15 anos. Por isso, se prepare, porque o home office fará parte do novo normal.

O cenário de trabalho remoto já estava em ascensão quando a pandemia de covid-19 assolou o mundo. De uma hora para outra, muitas empresas tiveram que criar programas para manter seus funcionários em casa. Entretanto, isso implicou no uso de uma forma de trabalho ainda pouco explorada pela maioria das companhias.

Essa mudança de paradigmas acabou se estendendo ao longo dos meses. Muitas empresas ainda estão aguardando a vacina para retornar as atividades presenciais. Entretanto, diversas outras companhias apontam que o home office pode se tornar o “novo normal”. Ainda assim, esse tipo de regime de trabalho apresenta vantagens tanto para as empresas quanto para os trabalhadores.

3 grandes vantagens do home office no “novo normal”

1. Economia

A possibilidade de cortar despesas é uma das mais atrativas aos empregadores. Ao adotarem o home office, muitas companhias podem reduzir os espaços de seus escritórios. Além disso, diferentes contas associadas, como energia, material de limpeza, material de escritório e internet, também diminuem. 

O home office também tem apresentado uma melhora na produtividade dos funcionários. Isso implica em menor rotatividade do quadro de trabalhadores e em mais economia para as empresas. Além disso, muitos profissionais têm aceitado salários menores para poder trabalhar remotamente.

2. Recrutamento e retenção

O Twitter anunciou que pretende implementar o home office permanentemente após a pandemia. Isso fez com que a pesquisa por “emprego no Twitter” tenha aumentado 80%. Além da rede social, diversas gigantes da tecnologia estão com propostas semelhantes. Facebook, Square, Shopify, Slack, entre outras, são algumas que pretendem continuar com o trabalho remoto mesmo depois que a vacina estiver pronta.

O home office tem sido um atrativo principalmente por sua flexibilização. O trabalho remoto também permite o estreitamento dos laços familiares, aumentando a sensação de realização por parte da maioria dos funcionários. Isso tudo fez com que a retenção de talentos tenha sido maior durante 2020.

E um último fator importante é a questão da igualdade racial. De fato, as entrevistas remotas podem avaliar os candidatos por sua competência e não por sua cor. Em um momento histórico, no qual as pautas antirrascistas estão em alta, esse tipo de iniciativa tende a diminuir a desigualdade.

3. A questão ambiental

Além do empregado e do empregador, o próprio planeta Terra tem a ganhar com a adesão crescente do trabalho remoto. O menor uso de transporte ou de ar-condicionado nos escritórios ajuda a combater as emissões de carbono, que são as responsáveis pelas mudanças climáticas. 

Uma estimativa da GWA mostrou que se os 79% de trabalhadores interessados em continuar com o home office, nos Estados Unidos, realmente tiverem seus pedidos atendidos, isso já seria o equivalente a retirar 10 milhões de carros por ano das ruas. Ainda que não seja o home office que irá salvar o planeta, toda contribuição para isso tem que ser levada em consideração.

O home office veio para ficar?

Em 2018, no Brasil, havia 3,8 milhões de pessoas trabalhando em regime de home office, segundo o IBGE. Já em junho deste ano, no auge da pandemia, eram cerca de 20 milhões de empregados atuando diretamente de suas casas. A modalidade foi regulamentada com a reforma trabalhista, há 3 anos. Ainda assim, ela precisa de algumas melhorias.

Em São Paulo, a prefeitura adotou o regime permanente de home office. Mesmo após a pandemia, cerca de 25 mil funcionários devem continuar com o teletrabalho – o nome oficial da modalidade aqui no Brasil –, gerando uma economia de R$ 1 bilhão aos cofres públicos ao longo dos próximos 7 anos.

Essa é uma tendência mundial que foi acelerada pela pandemia. No Facebook, por exemplo, a estimativa é que ao menos metade dos funcionários passe a trabalhar permanentemente de suas casas. Segundo Mark Zuckerberg, CEO da rede social, isso também permite a contratação de bons profissionais que não moram em cidades onde a empresa possui escritórios.

Uma pesquisa da revista Exame com 122 executivos de multinacionais no Brasil revelou que 73,8% das empresas têm intenção de continuar com o home office – curiosamente, 42,6% nunca tinha utilizado a prática anteriormente. Isso mostra que a tendência é que o teletrabalho pegou de vez, principalmente entre os setores que permitem a descentralização do serviço, como os administrativos e os de tecnologia.

Problemas e desafios do home office no “novo normal”

O trabalho remoto tem várias vantagens. Porém, ele foi implementado às pressas. Assim, aconteceram desafios inesperados. Ou seja, nem funcionários e nem empresas estavam esperando por isso. A preparação de equipamentos trouxe dor de cabeça para muita gente. Por isso, uma regulamentação mais assertiva é necessária para a prática ser adotada em definitivo.

Segundo dados da NordVPN, na Europa e nos Estados Unidos, os funcionários passaram a trabalhar 2 horas a mais por dia durante a pandemia. Isso gerou impactos na qualidade do sono, no nível de estresse e no rendimento de alguns profissionais. Várias demandas passaram a ser cobradas e enviadas fora do expediente de trabalho. Ou seja, isso é algo que deve ser evitado.

E ainda que para muitos a possibilidade de trabalhar ao lado da família seja um benefício, para outros isso se torna uma distração, principalmente quando há crianças envolvidas. Conciliar os afazeres domésticos com os profissionais pode ser mais difícil para quem não sabe priorizar suas tarefas.

Outro grande problema diz respeito à segurança da informação. Com o ambiente descentralizado de trabalho, muitos funcionários acabam mais expostos a malwares e phishings. Isso é algo que pode comprometer toda a empresa. Com a nova Lei Geral da Proteção de Dados (LGPD) em vigor, resolver esse problema é uma urgência dentro das empresas.

O futuro do home office

No Brasil, o teletrabalho foi regulamentado em 2017 através da reforma trabalhista. Ele tem semelhanças com o home office, mas não prevê uma jornada de trabalho específica. Esse tipo de inconsistência gera processos trabalhistas que podem ser evitados. Para isso, é preciso que haja uma regulamentação mais específica para essa nova realidade.

Os acidentes de trabalho são outra questão que precisa ser aprimorada. Como definir questões de ergonomia ou de segurança dentro de um ambiente residencial? Isso precisa ser resolvido entre empregado e empregador, de acordo com a nova legislação.

Como você pôde notar, o home office deve se tornar uma realidade após a pandemia. Assim, será preciso que a empresa e os funcionários estejam alinhados para a nova realidade.

Conheça dicas para deixar a comunicação mais assertiva durante o trabalho remoto e não fique com receio de expor suas dúvidas aos gestores. A construção do “novo normal” será feita com a colaboração de todos. Por isso, mãos à obra!