Um fato é inegável nos últimos dois anos: a pandemia reformulou a maneira como as pessoas trabalham. Se antes o home office era um luxo para poucos, agora ele se mostrou bastante vantajoso para muitas empresas. Inclusive, a questão da flexibilidade se tornou um dos principais diferenciais na hora de uma nova contratação. Com isso, outros modelos de trabalho voltaram a ser discutidos, como a semana com quatros dias úteis de jornada. Será que o formato vai funcionar?
Vale destacar que esse não é um formato novo, já sendo experimentado em uma série de países e empresas com resultados promissores. A pandemia apenas colocou um holofote no assunto, que também sofre resistência por parte dos empregadores. Assim, antes de mudar o formato de trabalho da sua empresa, é importante conhecer como isso está funcionando em outros lugares.
No Japão, a Microsoft adotou o formato em agosto de 2019, notando um aumento de 40% na produtividade. Esse é o mesmo resultado visto na Islândia, um dos países mais avançados na mudança da jornada semanal de trabalho. Por lá, o bem-estar dos trabalhadores também melhorou com o novo modelo. Na Irlanda, a semana de 4 dias está sendo testada por 6 meses, em 2022, para avaliar se vale a pena ou não fazer a mudança total. Escócia, Suécia, Finlândia, Reino Unido, Alemanha e Espanha são alguns dos outros países com programas em andamento que podem ajudar a definir o futuro do trabalho em todo o mundo.
Mas não é preciso ir muito longe, não: no Brasil, algumas companhias já estão testando o formato. É o caso da Shoot, uma agência de comunicação de Porto Alegre que, em janeiro de 2022, passou a oferecer uma jornada de 4 dias de trabalho por semana e de 6 horas diárias, sem redução de salários ou benefícios. Além disso, o modelo remoto já tinha sido implementado em 2018, muito antes da crise sanitária global acontecer.
Aqui, vale compreender como chegamos ao formato mais popular atualmente. Para começar, a semana com 7 dias foi instituída na Babilônia, através da crença de que havia 7 planetas. Isso foi 2 mil anos antes de Cristo, mas o modelo acabou pegando. Egípcios, gregos, romanos e judeus perpetuaram o formato, que se tornou padrão até os dias de hoje. O sétimo dia, para os babilônios, era considerado de má-sorte, enquanto para os judeus era de adoração a Deus. Assim, ele se tornou o dia oficial de descanso.
Já a questão dos dias úteis de trabalho é bem mais recente. Até o começo da Revolução Industrial, as jornadas de trabalho de 16 horas diárias durante 6 dias por semana eram comuns. Porém, como sábado era dia de adoração para os judeus, Henry Ford passou a implementar a semana com 5 dias úteis em suas fábricas automotivas. Isso foi em 1920, pouco mais de 100 anos atrás. Segundo Ford, era preciso criar momentos de descanso e lazer para que seus funcionários pudessem gastar os salários e movimentar a economia. O resultado foi uma maior produtividade e satisfação dos trabalhadores.
Ainda assim, já naquela época, algumas pessoas pensavam em novos formatos. Uma dessas foi o economista John Maynard Keynes. Em 1928, ele disse que dali a 100 anos as pessoas trabalhariam apenas 15 horas semanais, durante 3 dias por semana. Keynes errou em sua previsão, mas não ficou muito longe do que está sendo discutido atualmente como o futuro do trabalho.
Em 2019, antes mesmo da pandemia, uma pesquisa da Henley Business School, do Reino Unido, explorou o tema. O resultado, intitulado “Quatro Melhores ou Quatro Piores?”, os pesquisadores viram que a semana com quatro dias úteis de trabalho parece ser o futuro da organização laboral. Com base nas respostas de 2 mil profissionais e 500 líderes que já adotaram o sistema, notou-se que 73% deles se sentiam menos estressados. A pesquisa foi refeita em novembro de 2021, com esse índice subindo para 78%.
Após a pandemia, 70% das pessoas que ainda estão no modelo mais tradicional acreditam que uma semana mais curta traria maior qualidade de vida e, principalmente, mais tempo para aproveitar a família. No Brasil, uma pesquisa da OnePool, encomendada pela Citrix Systems, mostrou que 93% dos entrevistados aceitariam uma jornada de 4 dias se isso fosse oferecido pela empresa. Inclusive, 15% desses também topariam uma redução salarial para aproveitar o formato.
Outro benefício apontado no levantamento da Henley Business School é que o modelo flexível atrai mais talentos para a empresa. Para 68% delas, o formato fez com que mais pessoas se interessassem pelas vagas disponíveis. Além disso, essas companhias acreditam que, no futuro, o trabalho será através de “carreiras de portfólio”, no qual as pessoas podem ter mais de um emprego.
Por fim, vale destacar o aspecto ambiental da mudança. Afinal, as emissões de carbono são menores com menos pessoas circulando. Além disso, a própria energia consumida pelas empresas é menor, gerando ainda mais benefício ao meio ambiente. Com o ESG emergindo como prioridade no futuro próximo, o argumento pode ser usado para sustentar a alteração do modelo de trabalho.
Vale destacar que a discussão envolve a jornada de trabalho dos profissionais, não da empresa. Na Shoot, a agência gaúcha citada mais acima, o trabalho acontece de segunda a sexta, mas os trabalhadores podem optar em qual dia da semana irão folgar, mantendo a empresa ativa durante todos os dias.
Montar essa escala de folga adicional é o trabalho mais fácil das empresas. Entretanto, outros desafios podem atrapalhar a implementação da semana de quatro dias. Para começar, a questão cultural é muito importante: no Brasil, por exemplo, a estrutura mais engessada, com 5 dias úteis e controle de entrada e saída dos funcionários, é muito enraizada. Ou seja, dificilmente algo vai mudar de uma hora para outra. A experiência de empresas pioneiras pode ajudar a moldar um novo pensamento, no qual a viabilidade de quatro dias úteis é possível.
Além disso, os próprios trabalhadores temem que a mudança possa afetar sua remuneração. Na pesquisa da OnePoll, 7% disseram que não aceitariam o formato de jeito nenhum. Para 53% deles, o medo de redução salarial é o principal motivo, enquanto 17% acreditam que, na prática, continuarão trabalhando durante cinco dias na semana do mesmo jeito.
Por isso, a empresa precisará reforçar sua cultura organizacional para que seja possível mudar o formato adotado. Também é preciso que as companhias invistam em tecnologia e em ferramentas colaborativas. Dessa maneira, elas continuarão sua rotina com menos trabalhadores em determinados dias, mas sem afetar a produtividade.
Ou seja, ainda existe um longo caminho a ser percorrido para a semana de quatro dias de trabalho emplacar. Primeiro é preciso fazer com que o trabalho remoto e a flexibilidade de jornada funcionem. Com isso, será possível avançar na próxima etapa dessa jornada, que é a exclusão de um dos dias da semana do trabalhador.
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