As discussões sobre a saúde mental no trabalho estão cada vez mais presentes nas empresas e nos veículos de mídia. E isso não está acontecendo por acaso. O mundo cada vez mais acelerado em que vivemos tem afetado o bem-estar das pessoas, e no ambiente laboral isso pode ser observado com frequência maior.
São vários os fatores que contribuem para o surgimento de transtornos psicológicos entre os profissionais que, quando somados às preocupações da vida pessoal, tornam-se uma verdadeira bomba-relógio. A boa notícia é que a empresa pode tomar algumas providências para amenizar e evitar esse quadro.
Quer entender por que a saúde mental no trabalho é um assunto tão sério? Então continue a leitura!
Os dados sobre doenças mentais são realmente assustadores. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a depressão será a doença mais incapacitante do mundo até 2020. Quadros depressivos são as maiores causas de suicídio.
No Brasil, temos a maior incidência da doença na América Latina, afetando quase 6% da população. Os registros de transtornos de ansiedade também aumentaram. Vale ressaltar que o estigma social ainda é um grande obstáculo para quem sofre do problema, o que faz com que muitas pessoas não procurem ajuda.
O crescimento de doenças mentais já é algo preocupante, mas sua incidência dentro das empresas levanta aspectos ainda mais graves, chegando a custar à economia global uma perda em produtividade de cerca de US$ 1 trilhão por ano.
Jornadas exaustivas, assédio moral, metas abusivas e líderes despreparados são alguns dos fatores que tornam muitas empresas locais insalubres e que acabam por prejudicar gravemente o equilíbrio dos seus colaboradores.
Tais condições de trabalho prejudicam totalmente a produtividade e o engajamento dos profissionais. Vale lembrar que os transtornos mentais são a 3ª causa de afastamento no trabalho, representando 9% da concessão de auxílios-doença e aposentadorias por invalidez, segundo dados do boletim sobre Benefícios por Incapacidades publicado pelo Ministério da Fazenda.
Entre as doenças mais comuns, podemos citar a ansiedade, depressão, estresse excessivo e síndrome de burnout.
A empresa pode tomar algumas iniciativas a fim de proteger a saúde mental dos seus funcionários e oferecer um ambiente mais favorável para todos. Falamos, a seguir, de algumas.
Faça um exame detalhado das políticas internas da empresa e procure identificar se a competição exagerada ou o excesso de tarefas fazem parte da rotina dos funcionários. Esses fatores são extremamente tóxicos e prejudicam seriamente a saúde mental no trabalho. Em ambientes como esse, é comum observarmos um alto índice de rotatividade e o desenvolvimento de transtornos psicológicos em um número considerável de colaboradores.
O RH precisa pensar as suas políticas de reconhecimento e promoção, tempo de trabalho, ocorrências de bullying, assédio e outros fatores.
Os líderes têm papel fundamental na criação de um ambiente acolhedor e positivo. O diálogo deve ser aberto e os limites dos colaboradores respeitados, de modo que haja um equilíbrio verdadeiro entre o trabalho e os demais aspectos que compõem a vida da pe’ssoa.
Perceba, também, se os líderes trabalham a empatia e conseguem ocupar um lugar de alta posição hierárquica sem cometer abusos.
Programas que tragam a conscientização sobre o impacto que o bem-estar têm na rotina das pessoas devem ser promovidos na empresa. Podem ser apresentadas orientações sobre alimentação saudável e prática de atividades físicas, por exemplo.
O trabalho flexível e espaços de descompressão também ajudam a manter o ambiente mais saudável e impactam diretamente na produtividade dos empregados.
Para atender aos prazos apertados que muitos projetos exigem, alguns funcionários podem começar a acumular muitas horas de trabalho, seja como extras, seja banco de horas. Essa prática é extremamente negativa e acaba por minar a disposição do colaborador que, aos poucos, fica mais propenso a desenvolver algum desequilíbrio mental.
Os projetos precisam ser negociados com o cliente para que haja tempo hábil em sua execução, e o excesso de trabalho deve ser totalmente desestimulado. Não pense que a empresa estará economizando ao pedir que o funcionário fique algumas horas a mais em vez de contratar alguém para lidar com o volume extra ― quando essa pessoa começar a desenvolver problemas, o prejuízo será muito maior.
A ação mais efetiva para combater o aparecimento desses problemas é a valorização dos funcionários. Contar com uma cultura organizacional que coloque os profissionais em primeiro lugar é a base de um ambiente humanizado e, consequentemente, agradável e engajador.
Quando a corporação se esforça em promover as melhores experiências possíveis aos seus empregados, naturalmente a sua saúde e bem-estar são colocados em primeiro lugar e os resultados são bem positivos ― aumento da produtividade, qualidade nos processos e no atendimento, fortalecimento do employer branding e funcionários satisfeitos.
A realização de pesquisas de clima organizacional podem ajudar muito no trabalho de prevenção de transtornos mentais. Por meio dessas avaliações, o RH obtém informações valiosas sobre as condições na empresa e até mesmo casos de abusos da liderança ou outras situações constrangedoras que, por medo de represálias, ainda não foram comunicadas.
Um clima organizacional negativo pode ser um forte gatilho para o desinteresse, apatia e desenvolvimento de transtornos psicológicos. Por isso, cabe à empresa cuidar para que o ambiente sempre seja o melhor possível, além de proporcionar um engajamento verdadeiro, afinal, ⅓ do dia é gasto no trabalho.
Quando realizadas da maneira correta, essas pesquisas são a base de dados para que a empresa identifique falhas e promova melhorias consistentes.
A compreensão da importância da saúde mental no trabalho está fazendo com que muitas empresas mudem a sua abordagem e adotem uma visão diferente em relação aos seus funcionários, oferecendo condições que os coloquem em primeiro lugar. Diante dos dados que apresentamos aqui, vale a pena pensar em como promover essas políticas na sua organização.
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